quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O meu conto de fadas

Um dos momentos mais emocionantes de minha vida, acreditem, foi diante do espetáculo A Bela e a Fera, na Broadway, em Nova Iorque nos anos noventa. Há situações de pura simplicidade que mexem com a gente. Lembro-me bem que os ingressos estavam esgotados, que eu tentava e não conseguia nada. Todos os dias ia para porta do Palace e nada. No dia 31 de dezembro daquele ano, tentei pela última vez, porque retornaria ao Brasil naquela noite. Entrei na fila e o bilheteiro disse:
-" Você deu sorte. Um reserva feita há um ano( os americanos são assim, planejadinhos) caiu agora, você não me viu ao telefone? Tenho dois ingressos na segunda fila só que cada um custa cento e cinquenta dólares." Nem titubiei. Os sonhos para mim nunca tiveram preço. Ver A Bela e a Fera, meu conto de fadas preferido em todos os tempos, valia. E eu estava diante desta realização.
Minha vida sempre foi assim: inesperada, de tentativas obsecadas, de pequenas vitórias, grandes realizações.
De uma forma ou de outra, Deus satisfaz meus desejos. E A Bela e a Fera foi um deles.
Ontem vendo o filme da Bela Adormecida no Blog da Paty, voltei a sonhar.

http://www.youtube.com/watch?v=3MAhtpxNmnQ

2 comentários:

Lulu disse...

Eliane, conta uma lenda que os deuses, depois de haverem criado a espécie humana, passaram a discutir sobre as respostas às questões da existência, a fim de que os homens fossem obrigados a procurá-las. Alguns sugeriram que fossem escondidas no ponto mais alto da mais alta montanha. Outros, que fossem colocadas no ponto mais fundo do centro da terra. Outros ainda eram da opinião de que deveriam ficar nas profundezas abissais do mar. Mas como todos concordaram que um dia o homem chegaria, com facilidade, a esses lugares, decidiram, então, que fossem colocadas dentro dos próprios homens.
E assim foi feito. Os deuses colocaram as respostas às questões da vida dentro de nós mesmos, em nossos sonhos, em nossa própria vida. Os contos de fada, tal como os sonhos, nos falam de tudo que vivenciamos, respondem às nossas questões sobre a vida, narram o que fazemos e como fazemos. Desde tempos imemoriais, os contos e histórias acompanham a evolução do homem. Não é à toa que existem os "contadores de Histórias", pessoas consideradas especiais pela sua capacidade de narar. As leituras dos contos de fadas e de seus heróis, que ouvimos durante nossa infância, alimentaram nossas experiências, plasmaram as nossas vidas. E como todas nós trazemos vivas dentro de nós a nossa criança, até hoje os contos de fadas nos encantam. Na verdade, estes contos não são para serem entendidos, mas para serem sentidos, lidos com os olhos do coração e da alma. Você já percebeu que todo conto de fadas, na verdade é um enigma? E este enigma consiste em percorrer um caminho com um objetivo a alcançar, onde a coragem enfrenta o medo, para derrotá-lo. Os contos, como os sonhos, são cheios de imagens que, decifradas, abrem um caminho, se não para o auto-conhecimento e a compreensão das questões universais, pelo menos para despertar em nós questionamentos nestas direções. Se considerarmos que todos nós somos heróis do cotidiano e que, de certo modo, temos por tarefa primordial decifrar nossos enigmas, nada melhor que os contos para nos auxiliar de forma singular nesta tarefa. Quem são os heróis e vilões que passeiam pelos contos de fadas senão nossos heróis e vilões interiores, nossas fadas e bruxas que, muitas vezes, nos tornam vulneráveis? Por isso, nos ensinam muito sobre o comportamento humano. Desatrelados de uma visão racionalista, maniqueísta e reducionista do mundo, os contos nos fazem enxergar com o olhar de criança, o olhar do novo, do nunca visto, do que "é possível, sim", dando um salto para uma dimensão onde convivem realidade e fantasia, onde o impossível se torna crível.
Basta termos uma disposição interior para lidar com o inesperado, o imprevisto e a magia....
A propósito, o meu conto de fadas predileto é "Os três cabelos de ouro do Diabo", que meu pai costumava contar de uma forma muito peculiar.... quando ele nos contava histórias na nossa infância, a meninada da vizinhança corria toda para ouvir também....
Beijos, querida.
Ah!! Você já leu "Mulheres que Correm com os Lobos", de Clarissa Pinkola Estés (Editora Rocco)? Esta autora, além de excelente analista junguina, é uma incomparável contadora de histórias... vale a pena ler.

Anônimo disse...

Os contos realmetne são um enigma.
E você daí cada vez me dando ótimas dicas e cheia de luz nas palavras.
Já comprou meu livro?
Quero a opinião.