sábado, 9 de agosto de 2008

O abraço

Um acontecimento real.
Eu aguardava o motorista no saguão do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Como tinha chegado em um vôo mais cedo, fiquei ali, sentada, às vêzes andando, observando aquele ir e vir de vidas. De repente, uma moça linda me chamou a atenção. Usava sapatos altos, vestia calça jeans, blusa branca e por cima um casaco semi longo, também branco, muito elegante. Pensei comigo: toda mulher se prepara com capricho para um reencontro.
Ela, a moça, andava de um lado para o outro e observava atentamente a saída dos passageiros. Me concentrei nela e fiquei aguardando a história.
Quinze minutos depois, do outro lado, eu vi um rapaz bonito, alto, vestindo calça jeans,um casaco esportivo, tenis, muito alinhado. Ele ajeitou o cabelo e a viu primeiro. Sozinho sorriu para si mesmo. Percebi um certo nervosismo. Aí ela se virou repentinamente para a porta de saída e seus olhos se cruzaram. Os sorrisos foram trocados. Ele foi se aproximando e ansiosos se atiraram nos braços um do outro. Ele, visivelmente emocionado, apertava ela nos braços. Ela, tímida, recebia os beijos, as mãos dele passando pelos cabelos lisos, e o olhar apaixonado,totalmente entregue ao sentimento. Ficaram ali por uns dez minutos, cochichando no ouvindo um do outro, abraçados no reencontro.
Quando eu pensava que os abraços tinham terminado, ele a soltava, olhava uma vez mais, e a apertava novamente nos braços. E assim foram caminhando devagar entre um beijo, um carinho e um abraço. Ela linda, ele, um charme, juntinhos para um fim de semana daqueles...imagino eu.
Fiquei ali sentada pensando nos desencontros e reencontros que a vida apronta...
E que não existe nenhum lugar melhor para registrar estas imagens do que uma rodoviária,uma estação de trem, um aeroporto.
Olhei para o lado, e vi um senhor vestido em um terno de lã, segurando um cartaz com meu nome. Coitado, ele já deveria estar ali há algum tempo. Eu não o tinha visto.
Casais apaixonados nos levam a sonhar.

10 comentários:

Rosana Soares Brigagão disse...

Que lindoooooooooooo, amei esta sua crônica de amor, sou FÃ DO AMOR, é bom demais e este seu olhar Especial foi maravilhoso para nos presentear com esta linda pérola!
Beijins no seu coração Lili, lindo fim de semana!

Adoro este seu cantinho, cheinho de TESOUROS, rs,sr,rs,sr,rs...

Anônimo disse...

Querida, este conto fará parte de um segundo livro. Fico tão feliz por você está sempre comigo, dividindo estes textos, estes sonhos, este amor pela vida...
Rosana, você nem imagina como foi a palestra. Estou até agora, boba, perplexa, feliz e comovida com a recepção.
Que gente especial esta turma que lida com sofrimento alheio...
bj

Luiz Otávio Coutinho disse...

Eliane:

O elo nunca está perdido. O reencontro físico é a confirmação da saudade e a explosão da emoção armazenada.
Parabéns pela precisa narrativa e pelo privilégio de testemunhar esta cena tão bonita.
Saguões de aeroportos são propícios a esses reencontros. Lembro que presenciei dois deles que me marcaram muito. Um no saguão do aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, e outro no Aeroporto Internacional de Santiago, no Chile.

Anônimo disse...

Ah, Lili, parece brincadeira... mas ontem no Galeão quando esperava pelos netos vi uma cena semelhante a essa que vc conta. Eu estava sentada e na minha direção veio um sujeito de meia idade carregado de malas do vôo que acabara de chegar e sentou-se perto de mim. Tirou o paletó de couro, alisou os cabelos e olhava insistentemente para o relógio de pulso. De repente ela apareceu. Uma senhora tbém de meia idade, vestida simplesmente. O rosto dela quando passou por mim era iluminado. O abraço que deram juntinho a mim me emocionou. Ele afastava ela e dizia assim:"deixa eu te olhar. Você está linda!". Ela me olhou e eu fingi não perceber. Ele insistia:"Não fica tensa, relaxa. Me abraça !Passei esses meses todos contando com esse encontro." E ela falava umas coisas sem parar, se desculpava de ter chegado tarde, de não estar ali na hora que ele apontou lá de dentro... Lili, foi muito lindo. Abaixei a cabeça pra não vê-los passando na minha frente, felizes como dois adolescentes. Vc tem razão. Os postos de chegada ! esses dão belissimas histórias... vai pensando num livro de contos.

Anônimo disse...

Querido Otávio,
Você sempre um mestre nas palavras.
Nada mexe mais comigo do que reencontros.
Bonito, não é?

Anônimo disse...

Querida T., minha vizinha preferida.
Eu não acredito. Que história, que coisa mais linda.
Passa o tempo, tudo muda, mas os reencontros de amor são marcantes.
E não há ninguém que fique indiferente.
Nestes dois últimos anos, Deus tem sido generoso. Tenho tido a oportundiade de reencontrar tantas pessoas. Tantos amigos. Tantas pessoas que me são caras. Agora esta história me faz sonhar... beijos

Anônimo disse...

Que o segundo livro seja recheado de encontros e tbém desencontros.Quando sai ?

Anônimo disse...

Vizinha querida, permita-me mandar uma estrofe do poeta Fernando Pessoa sobre DESENCONTRO.
" ... há desencontros... é fato ...
Alguns mais dolorosos que os outros..
Alguns mais definitivos que outros ...
Alguns que implicam em despedidas ...
Outros que só implicam em distância ´´´
Outros, ainda, que intensificam a saudade ...
Mas existem aqueles desencontros que só aumentam a vontade. Não é ?

Juro a vc que todos esses pontinhos são do poeta. Tem gente que detesta !!!!???? Não é ?

Anônimo disse...

Em sua homenagem, vá ao blog, página central.
Este tema anda tocando a minha alma.
E agora você acertou a flexa.
E dane-se a pontuação.
Adoro...ahahahahah( mais)...

Anônimo disse...

Quanto ao segundo livro, a idéia surgiu de textos assim. Do cotidiano. Adoro o dia a dia. Está na minha veia de repórter.
Ontem, meu querido Flávio Cure, o clínico, durante o almoço dos pais,já chegou me abraçando e gritando o título do segundo livro. Mas tenho outra idéia.
Este ano vamos trabalhar nossa "Sentença e Renovação." E nossas palestras. Mas se a Hama quiser, entrego o material até final de outubro. Claro que tenho que esperar minha eterna amiga, vizinha voltar de LA.
Mas gostaria de lançar janeiro ou março. Vamos ver...