terça-feira, 19 de agosto de 2008

A cumplicidade da noite

A noite foi feita para dormir. Mas nem todos conseguem. A noite foi feita para a gente se acomodar em um gostoso sofá e sonhar com o amanhã. Mas nem todos gostam de fazer planos. A noite foi feita para jantar, ir ao cinema, dançar, passear de mãos dadas. Foi feita para olhar a lua, as estrelas e os vagalumes. Para sentir a maresia, a brisa do mar.
As noites tornam-se longas quando não se consegue pregar o olho.
A noite é o período do dia compreendido entre o pôr e o nascer do sol. Sua duração varia conforme a estação do ano e o local da terra onde se encontra: é maior no inverno e menor no verão; maior nos pólos, menor nos trópicos. A noite começa às 18:00 e vai até às 6:00 manhã.
Logo que comecei a trabalhar na TV Globo, fui escalada para o horário noturno. De nada adiantou reclamar. Anos depois, tinha um trabalho durante o dia e peguei um segundo, à noite. Foi na Rádio Nacional. Momentos diferentes, experiências enriquecedores. Como sou mais do dia do que da noite, foi uma oportunidade viver estas duas épocas. Pude apreciar os acontecimentos, o público, e as curiosidades que circulam pela noite e madrugada. Saudade deste tempo. Onde eu podia dirigir sentindo o vento, sem ninguém me incomodar, quando a única coisa que pedíamos a Deus era para não furar um pneu. Não de medo, mas porque podia não ter ninguém para ajudar. Saudade dos jantares com minha equipe de reportagem depois do trabalho, dos bares, e daquela cumplicidade noturna que só quem cirucula na noite entende.
A noite no meu país, na minha cidade, mudou muito. Hoje ela é ainda mais silenciosa, mais temida, mais vazia.
Mas é durante este período ainda que a gente sonha, que a gente se encosta no sofá, que a gente reza pedindo saúde e sabedoria nas decisões. É na escuridão de casa e do quarto que a gente enxerga uma pequena luz dentro da gente. Uma luz que vai nos guiar para um novo amanhã, iluminando nossos desejos e nossos planos.

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