sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Além desta vida

Existem amigos que vão além desta vida. Em "Sentença ou Renovação", faço uma homenagem a todos aqueles amigos e amigas que passaram a vida ao meu lado. E aqueles também que tiveram importância em apenas determinados momentos e fases da vida. Não é o caso de Luiz Otávio.
No dia 28 de julho, segunda feira, nos reencontramos - ou melhor, ele me achou. Não sei bem se nos reecontramos, porque nos nossos corações, nas nossas almas, nas nossas mentes, a imagem e histórias que vivemos sempre nos acompanharam pela vida afora.
Bem, Luiz escreveu este texto lindo e o colocou como comentário na pequena crônica que escrevi " 2008, o ano dos reencontros". Quem quiser ler todo ele, vá até lá.
Peço licença, e vou mostrar alguns trechos, aqui,para todos. A intenção é agradecer publicamente o carinho, a dedicação e especialmente a paciência que ele teve comigo, nas ruas, nas reportagens e com nossa amizade.
Não foi à toa que meu amigo surgiu neste exato momento, nesta virada, nesta nova vida. São sempre os sinais do céu...

Texto de Luiz Otávio Coutinho
"A flor que surgiu no meio do pântano". Essa afirmação foi feita pelo jornalista, produtor e diretor, Wilton Franco, durante o programa de televisão líder de audiência já na longínqua década de 80, que ele mesmo comandava, chamado "O Povo na TV". Ele estava se referindo a sua convidada daquela tarde, a assessora de comunicação social do Detran Rio. Certamente era uma tarefa espinhosa ser assessora de um órgão desacreditado pela população, com fama de ser um antro de corrupção. Talvez por isso que o Wilton usou dessa metáfora para bem definir o perfil de sua convidada. Trata-se de Eliane Chame de Lemos Furtado que naquele dia, usando de sua bem articulada oratória e com a garra de sempre, explicou ao telespectador todos os pormenores do Departamento e conseguiu, de certa forma, desmistificar o que historicamente todo mundo acreditava sobre aquele órgão público.... Tive o privilégio de trabalhar na rua com ela, no louco dia a dia da reportagem. Eu na Radiobras e ela na, infelizmente, extinta TV Manchete, um veículo de muita qualidade que estava dando uma guinada no comportamento do telespectador brasileiro. Eram tempos de sonhos e ilusões. Não me arrependo em nenhum momento de sonhar. Sonho até hoje porque através dele sempre tenho o que realizar. Encontrávamos nos mais diversos pontos do Rio, muitas vezes em desabalada carreira e esbaforidos, tratando de cumprir a ditadura da pauta que nossas emissoras nos impunha. Sempre a espera da chegada do entrevistado, nós e os demais coleguinhas de reportagem conversávamos sobre os mais variados assuntos: de Zico a Shakespeare, literalmente. Muitas vezes, confesso, “tricotávamos” sobre a vida alheia, evidentemente que de uma forma salutar... De tanto conversar nas reportagens, nossa amizade foi se consolidando através dos meses. .. Fui amadurecendo como repórter e as perguntas pertinentes que fazia ao entrevistado, reparava uma leve risada de canto de boca da minha amiga em sinal de aprovação. No entanto, quando uma de suas sobrancelhas levantava... sai de baixo, vinha chumbo grosso!Mas por algumas circunstâncias do destino nos afastamos fisicamente. Fui embora do Rio por uma proposta de trabalho tentadora em uma universidade no sul de Minas. Com a extinção da Manchete, ela saiu das ruas e se direcionou para assessorias de imprensa e também para a vida acadêmica, dando aulas de Comunicação Social em várias faculdades cariocas.Perdemos o contato e nunca mais nos vimos. Faço das palavras dela as minhas: “procurei por minha amiga durante um tempo. Chequei endereços, mas ainda não era a hora... tudo acontece na hora que tem que acontecer”.Descobri o seu blog no último dia 28/07. Vasculhei tudo, ainda não perdi o espírito de repórter, graças a Deus, e consegui retomar a história de vida. Soube do seu livro “Sentença ou Renovação?” Fiquei muito assustado com tudo... Teremos um dia o encontro ...Sabendo da sua recente luta para vencer uma adversidade que a vida colocou na sua frente, dou inteira razão ao Wilton Franco, ela é realmente uma flor que surgiu no meio do pântano."

Comentário de Eliane: Nenhuma flor surge do lôdo se não tem pelo menos uma base de água límpida, de terra pura para nascer e crescer.

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