quinta-feira, 10 de julho de 2008

Uma história real

Reencontrei um grande companheiro e amigo alguns dias atrás.
Ele me viu em uma entrevista na TV Universitária, no Rio, e fêz contato com a direção do programa e pediu meus números de telefones e email. Fiquei comovida com a iniciativa dele. Bom saber que deixamos boas recordações quando passamos na vida de alguém.
Aliás, agora que nos reencontramos, não vamos mais nos perder por esta vida louca.
Carlos de Laet é um grande jornalista, foi coordenador de comunicação social no Governo do Estado do Rio, quando eu era assessora de comunicação social do Detran/RJ . Ao lado dele vivi grandes desafios profissionais, conheci pessoas extraórdinárias, e mergulhamos em projetos e campanhas políticas juntos. Foram anos dourados e de pura felicidade.
Carinhosamente, ele me enviou esta mensagem, que já é conhecida de muitos, mas que eu particularmente adoro. E não canso de ler.
O texto fala de amizade, perdão, solidariedade, bondade e reconhecimento. A doença? Isto não tem a menor importância perto da beleza do gesto.
Se Laet me permite, quero dedicar este texto hoje, a minha parceira e anjo da terra, que cuidou de mim na clínica de tratamento e hoje mora na Paraíba: Isabelle.
Meu beijo também para à xará e Jaque. E para a Lilian, que agora faz parte desta equipe guerreira.
Laet, obrigada por me procurar. E não desistir de nossa amizade.
Você nunca saiu de minhas lembranças. Um beijo

Eis uma história que nem todos conhecem ...
Refere-se a dois dos três tenores que encantaram o mundo, cantando juntos.
Mesmo quem nunca visitou a Espanha, conhece a rivalidade existente entre catalães e madrilenos. Os catalães lutam pela autonomia, numa Espanha dominada por Madrid.
Pois bem, Plácido Domingo é madrileno. José Carreras é catalão.
Devido a questões políticas, em 1984, Carreras e Domingo, tornaram-se inimigos. Sempre muito solicitados em todo o mundo, ambos faziam questão de exigir nos seus contratos, que só atuariam em determinado espetáculo se o adversário não fosse convidado.
Em 1987, apareceu a Carreras um inimigo muito mais implacável que o seu rival, Plácido Domingo: foi surpreendido por um diagnóstico terrível: leucemia.
A sua luta contra o câncer foi muito difícil, tendo-se submetido a diversos tratamentos, a um transplante de medula óssea, além de uma mudança de sangue, que o obrigava a viajar mensalmente até aos Estados Unidos.
Nestas circunstâncias, não podia trabalhar e apesar de ser dono de uma fortuna razoável, os elevadíssimos custos das viagens e dos tratamentos, dilapidaram as suas finanças. Quando não tinha mais condições financeiras, teve conhecimento da existência de uma fundação em Madrid, cuja finalidade era apoiar o tratamento de doentes com leucemia.
Graças ao apoio da fundação "Formosa", Carreras venceu a doença e voltou a cantar.
Voltou a receber os altos cachês que merecia, e resolveu associar-se à fundação.
Foi ao ler os seus estatutos, que descobriu que o seu fundador, maior colaborador e presidente da fundação, era Plácido Domingo. Depressa soube que Domingo tinha criado a fundação para ajudá-lo e que se tinha mantido no anonimato para que ele não se sentisse humilhado ao aceitar o auxílio do seu "inimigo”.
Mas, o mais comovente foi o encontro de ambos. Surpreendendo Plácido Domingo num dos seus concertos em Madrid, Carreras interrompeu a atuação deste, subindo ao palco e humildemente, ajoelhou-se a seus pés, pediu-lhe desculpas e agradeceu-lhe publicamente. Plácido ajudou-o a levantar-se e com um forte abraço, selaram o início de uma grande e bela amizade.
Mais tarde, uma jornalista perguntou a Plácido Domingo:
-"Porque criara a fundação "Formosa", num gesto que além de ajudar um "inimigo", ajudava também o único artista que poderia fazer-lhe concorrência?
A sua resposta foi curta e definitiva:
“-Porque uma voz como aquela não poderia perder-se."
Esta é uma história real da nobreza humana e deveria servir-nos de inspiração e exemplo.

4 comentários:

Unknown disse...

Sou realmente sua leitora assídua. Você escreve muito bem e faz com que eu me sinta um pouquinho mais perto do Rio. Você representa todo o trabalho que realizei, todas as conquistas que eu alcançei, todos os sonhos que planejei de um dia ser um enfermeira e fazer um cuidado "diferente", um cuidado com amor e carinho. Ao ser sua leitora assídua sinto que é uma forma singela de cuidar de você e acompanhar o momento que você está vivendo. Não sei nem como agradecer a maravilhosa mensagem que você me enviou através do seu blog. Eu e o meu marido nos emocionamos ao ler a dedicação que você fez. Mil beijos, Isabelle

Anônimo disse...

Eliane

Recebi o Boletim da Livraria Cultura informando sobre a Palestra e Lançamento do seu livro em São Paulo.
Pretendo ir pois sei que aprenderei muito com sua experiência e sensibilidade.
Sobre a mensagem dos tenores Carreras e Plácido é muito bonita, mas não é real. Veja no site da Fundació Internacional Josep Carreras www.fcarreras.org/noticias_fundacion_carreras_interior.php?id=67 ou www.guida.com.br
Um grande abraço

Anônimo disse...

Isabelle querida.
Faltou v.em São Paulo. grande beijo

Anônimo disse...

Cara Guida, Gostei muito do esclarecimento sobre a história dos tenores.
Foi um grande prazer conhecê-la em São Paulo.
E foi uma honra tê-la na platéia.
Parabéns pelo trabalho.
Até breve
Eliane