sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Cada um sabe de si
No começo da minha vida profissional acumulava uns freelas (free-lancers) com o trabalho na TV Globo. Escrevia para algumas revistas da Bloch Editores. Uma delas era revista Carinho que tratava de assuntos de comportamento, moda, beleza e dava dicas de tudo. Uma revista para jovens. A capa de Carinho era super disputada e lançou muita gente, hoje, famosa.
Como trabalhava e ainda estava terminando meu curso de jornalismo, recebia a pauta por telefone e ia à luta. Quando terminava a matéria, eu seguia para a redação discutir o texto final com o diretor Janir de Hollanda. Interessante que -mesmo ainda descobrindo o universo da televisão - eu amava a Carinho. A repercussão das matérias era imediata e o alcance no interior do Brasil era surpreendente.
Um dia recebi a incumbência de falar sobre o aborto. Foi uma matéria completa. Ouvi igreja, médicos, meninas e meninos sobre o assunto. Quando a reportagem foi publicada recebi um telefonema do Janir perguntando se eu podia ir na redação naquele dia. Eu dei um jeito e parti curiosa para lá. Ao chegar, uma surpresa. Uma moça rica do interior de São Paulo queria conversar por telefone sobre a matéria. E ser orientada. Contou o drama dela, que os pais eram ricos e importantes na cidade e que não admitiriam a gravidez fora de hora de um rapaz que nada tinha a ver. Estava diante de um impasse. O que fazer?
Quando vejo uma discussão sobre o aborto, contra ou favor, e presidenciáveis discutindo o certo e o errado (?) penso nesta menina e em tantas outras que me escreveram na época.
Fazer um aborto é uma decisão muito difícil. Especialmente para a mãe. Mas é preciso estudar as circunstâncias do momento e da vida. É uma marca que fica pra sempre. Uma dor que se carrega até o último dia da vida. Mas o assunto vai mais além que votos, que igreja, que palpites conservadores.
É a popular lei de Muricy. "Cada um sabe de si."
Do dia 1 ao dia 7 de outubro, foi comemorada a semana Nacional de Defesa da Vida. E hoje, dia 8, a Igreja comemora o dia do Nascituro, aquele que está no ventre.
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13 comentários:
Bonjourrrrrrrr queridinha, que assunto complexo o de hoje, vixiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Como vc mesma diz acho que CADA UM SABE DE SI como tb CADA UM SABE ONDE APERTA SEU CALO!
Certamente é uma decisao muito difícil mas cada caso é um caso mas vou citar apenas um: ESTUPRO!
Eu, com certeza absoluta jamaisssssss teria um filho gerado em uma situação como esta pq para mim seria impossível administrar isto.
E quem quiser que falasse!
Lindaaaaaaaaa sexta COR DE ROSA e vamos ao cineminha comer pipoca e ver o CORONEL NASCIMENTO que está um gatoooooooooo, INTÉ
Tema profundo e polêmico!
Eu sou contra mas acho que cada mulher tem o direito de decidir TER ou NÃO TER seu filho. Porém acho que há tantos modos de evitá-los....
Por coincidência, hoje minha filha mais velha completa 41 anos e foi durante a minha gravidez dela, que foi tremendamente complicada( 7 meses e meio de cama, repouso total) é que tive mais clara a revolta e irritação com o tal de aborto e foi contra minha mãe(eu sabia que ela fizera e se vangloriava disso)..
Naquela hora, quando me via cheia de vontade de ter meu bebê e sabia que outras os jogavam fora,foi que fiquei contra.
Mas não sou a dona da verdade.Apenas é assim que eu sinto esse tema.
Que teu final de semana seja lindo!beijos,tuuuuuudo de bom,chica
Tema bem polêmico o de hoje, sou de opinião também que cada um sabe o que é melhor para si, cada situação te exige uma postura.
Existem fatos que fazem com que tomes a decisão do aborto e não critico ninguém por resolver assim, acredito também que Deus, nosso Pai entende e perdoa aquelas que seguiram este caminho porque só elas sabem de sua vida e dificuldades.
Bom fim de semana para todos.
Elvira
Tema bem polêmico o de hoje, sou de opinião também que cada um sabe o que é melhor para si, cada situação te exige uma postura.
Existem fatos que fazem com que tomes a decisão do aborto e não critico ninguém por resolver assim, acredito também que Deus, nosso Pai entende e perdoa aquelas que seguiram este caminho porque só elas sabem de sua vida e dificuldades.
Bom fim de semana para todos.
Elvira
Eliane querida,
Como é sutil o seu texto. Como trata com cuidado e sem achismos as coisas mais sérias. Sem emitir uma opinião pragmática você opina, e isso é fruto de uma longa caminhada na seara da palavra escrita.
O tema é delicado. O nome aborto por si já é agressivo, é quase como mutilação e, para mim, tem esse significado.
Defendo o direito da mulher de decidir, muito embora considere que quem decide fazer uma aborto na realidade não tinha decisão a tomar. Era a única. E voltando à mutilação, penso que é quase como se decidisse cortar um pedaço de si em nome da sobrevivência. As marcas, como você bem disse, perseguem a pessoa ao longo de toda a vida. Por isso, desculpem-me os conservadores e levianos de plantão, não se trata de brincar com a vida, mas de enfrentar a realidade e arcar com custos altos.
E o debate foi para o segundo turno. Vou ser intransigente (coisa que procuro evitar até a última célula). As igrejas (a, b, c e d) a meu ver, não estão fazendo pressão exclusivamente relacionada ao tema. É de conhecimento comum que nem Serra nem Dilma são religiosos fervorosos. O tema foi levado à baila justamente para que as religiões se imponham e ganhem espaço e peso no cenário. Mas o caso está para além do aborto, seguramente.
Respeito o posicionamento das igrejas sobre o tema. Respeito muito. Mas acredito que seja necessária uma reflexão mais ampla, e ao mesmo tempo menos radicalismos, menos leviandade.
Creio que, salvo em rarississississississimos casos, nenhuma mulher faça aborto indiscriminadamente. Sempre há uma razão que transcende a compreensão alheia e o que percebo é que as religiões, de maneira geral, não dão atenção a isso.
Estamos em pleno século XXI e as discussões, que deveriam ser mais amplas, giram em torno de uma postura dogmática, mais interessada na perpetuação do poder eclesiástico constituído através imposição de suas verdades, normas e punições, quando deveriam estar centradas na realidade, nas condições de vida da população e em tantos outros subtemas que permeiam o assunto.
Em suma, como você bem disse, cada um sabe de si, e as religiões precisam evoluir em busca de um entendimento mais consistente e menos radical.
[desculpe o texto imenso, mas seu tema de hoje (e sua habilidade em desenvolvê-lo) mereciam].
Super beijo.
Agnaldo adoro seus comentários. Ainda mais quanto não páro de rir.
Como hoje a Igreja comemora a vida e os presidenciáveis só falam nisso, lembrei desta história da carinho.Tema sério. Amanhã vamos relaxar e falar abobrinhas.
De vez em quando tem que mexer. Não é Elvira?
Boa Tarde Dragão Azul e Chica das sementinhas boas.
Eliane... essa frase "cada um sabe de si" acaba sendo egoísta pois será que a mãe não leva em conta o espírito que já se aproximou para encarnar? Ela tem que saber pelos dois, não é só por ela.
Mas concordo com a Dragão. Fora isso, se alguém que conheço pensa em fazer um aborto eu digo, me dá que eu crio, pago as contas, mas não tira.
No entanto, apesar de tudo, respeito a decisão de cada um. Já tive amigas que o fizeram e pessoas mt próximas também. Lamento na época não ter a cabeça que tenho hoje para tentar demovê-los dessa ideia. Sei que se fosse hoje, pelo menos um eu teria convencido.
Só acho que se legalizar, vai ser feito um atrás do outro. O brasileiro não tem discernimento moral para lidar com isso.
Beijos e bom bom bom final de semana pronlongadérrimo, maravilha, não. :)
Boa tarde Blog, boa tarde Lili, muito acertado o seu tema hoje, em véspera de eleições que o é contra fala de boca cheia e o que era ä favor diz que não é bem assim, deveria ser lembrado que aborto é um direito civil, é a mulher que decide se vai fazê-lo ou não, o mais acertado seria que com tantos meios de prevenção a uma gravidez não desejada, com contraceptivos sendo destribuidos de graça, melhor seria não engravidar, mas como nem sempre o melhor é o que é feito, como muitas pessoas não pensam, como muitas não se semtem bem tomando pílulas, como 25% dos homens não gostam de usar preservativo, e outros comos à mais, chega-se à encruzilhada das decisões drásticas, e aí é que entra o direito de cada uma, algumas teem o filho e dão para adoção, outras vão tê-los mesmo não tendo condição de sustentar, outras preferem não tê-los, são tão individuais os motivos de cada uma que não se pode traçar um parâmetro de certo ou errado. Estatísticas mostram que 1 entre 4 mulheres já fizeram aborto no Brasil, isso quer dizer que a religião não é fator determinante. Acho que eu não faria um aborto, digo acho porque a ocasião, o momento em que eu me encontra-se é que iria me levar por um caminho ou outro. Beijos
Boa tarde Eliane! E blog antenado!
Sabia que o dia do nasciturno se comemorava no dia 25 de março.
Quanto ao tema creio que cada mulher sabe o que é melhor para o momento, porém como tudo é educação pq não prevenir? Há tantos métodos e temo que o aborto passe a ser mais um deles, banalizando a vida da mãe e do feto. E tem o problema das condições finaceiras, onde muitas mulheres ficam impossibilitadas de ter filhos por lesões, infecções etc e tal...
Porém, digamos não a hipocrisia porque se sabe que a filhinha do rico faz em clínicas luxuosas e com segurança e a pobres nas açogueiras....
Vida é vida desde a concepção.
bjs
Oi,Eliane1eu acho uqe cada mulher sabe de si e acho uqe o aborto deveria ser legalizado sim, porque milhares de mulheres fazem aborto em clínicas clandestinas, algumas morrem, outras ficam inferteis, concordo contigo cada um sabe de si.
Um ótimo fim de semana!
Beijos
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