Bondade em balde é devolvida em barril

O título foi inspirado em um provérbio chinês. E cai bem na história que vou contar agora e que aconteceu, hoje, domingo, comigo.
Estava voltando de Petrópolis e me deu uma vontade infantil de comer pipoca( que meus médicos não leiam esta nota).
Comecei então a procurar pelo calçadão um pipoqueiro. Estava difícil de achar. Parece que hoje só se vende milhos, curaus, tapiocas, amendoins doces. E cadê o algodão, a pipoca?
Bem, estava de carro e pedi para meu par parar de repente. Avistei longe um pipoqueiro e sua carrocinha. Paramos rápido com medo do quarda e eu gritei:
-"Faz um saquinho para mim e traz troco para vinte."
-"Tem menor não?"
Eu respondi preocupada com a possível infração:
-"Não, só tenho um e cinquenta. O pacote é três..."
-"Me dá aí o que que tem. O importante é você matar o desejo e comer sua pipoca"
Sorri sem graça e aceitei. Não sem antes perguntar para onde ele estava se dirigindo.
E ele gritou:
-"Para o Leme."
Respirei aliviada e gritei de novo, já com o carro em movimento:
-"Eu moro lá. Vou lhe trazer o restante."
Ele sorriu de longe. Um sorriso que não esperava nada mais em troca do gesto sincero.
Meia hora depois, procurando pelo Leme, lá estava ele: o pipoqueiro.
Se surpreendeu ao receber o dinheiro que faltava daquele saco de pipoca. Deu um sorriso tímido e ainda vendeu mais saquinhos. Muito mais.
O pipoqueiro me mostrou que ainda há esperança. Que existem pessoas boas, puras e desprendidas. Fico torcendo para ele. Para que aquele gesto de bondade seja devolvido em barris de prosperidade, saúde e felicidade.
Bom começar a semana assim, não é? Cheia de esperança!