Chega de compromissos

Porque arrumamos tantos compromissos ao longo da vida? Tem dia que a gente acorda e quer ficar livre de tudo, não é? Quando vejo uma criança bem pequena -toda arrumadinha-indo para a creche fico pensando: que longo caminho de compromissos terá pela frente. Tão miudinho(a) e já acordando cedo, indo para escola. E isto vai se repetir longos anos a fio. Bem, se fosse só isto seria maravilhoso. O problema é que não é. Inventamos muitos outros compromissos. Cada um... Decidimos colecionar objetos, juntar moedas, comprar gatinhos, cachorros, ter empregados, fazer parte de associações, comprar carro, mais de uma casa ou apartamento e colecionamos IPTUs. E não paramos mais. Tudo vira compromisso.
E os vínculos? Sei, sei que são importantíssimos. Mas exageramos não é? Tem gente no orkut e no facebook que chega ao limite proposto pelo site em números de amigos. Centenas e centenas de "amigos." E lá vem mensagem, lá vem resposta. Pronto, mais um compromisso. E temos que dar conta dos nossos e dos que nos cercam. E dos impostos e do "Leão". Vivemos inventando moda e quando chega a maturidade, queremos nos livrar da metade deles. Aí é difícil, às vêzes impossível. Eu estou tentando me descompromissar. Já tive compromissos demais. Sem nenhum arrependimento. Mas na maturidade é hora de jogar fora alguns deles. Nos livrarmos do excesso, diminuir estruturas montadas, afazeres que pouco acrescentam, diminuir reuniões e se libertar das chatices. É possivel sim, gente.
Tenho um amigo de Furnas que se aposentou pelos 40 e tal. Eu, na época, fiquei chocada e perguntei se ele não ia sentir falta. Ele olhou para mim, riu e disse que ia viver a vida dele. Hoje brinca comigo que é mais ocupado que antes. Vai a praia, aproveita os livros e o tempo com as coisinhas dele. Ele se preparou, se estruturou para isto. Sei que é excessão. Mas se diminuirmos nossas ambições e expectativas, podemos conseguir um pouco de sossego.
É hora de se libertar e voar um pouco. Ou ficar paradinha sem sentir culpa, andar sem compromisso olhando em volta, pegar o carro e passar dois dias da semana em algum lugar qualquer, não ter hora de chegada e nem de partida, simplesmente viver aquela vidinha gostosa e tranquila, sem vínculos maiores. Só os indispensáveis.
Difícil? Utopia? Pode ser.
Mas eu venho tentando ser mais livre, fazer mais coisas que me agradam e voar. Sem muitos compromissos.
É hora, mais do que hora, de me sentir como uma borboleta.
Bom dia meus indispensáveis blogueiros e leitores.